quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Educadores e estudantes mostram as suas direções como se faz a luta!

Vovó Anita

               Há muito tempo temos afirmado, as derrotas da classe trabalhadora e da juventude é, na maioria das vezes, resultado da falta de independência de suas direções em relação aos governos e patrões. Vejamos alguns breves acontecimentos que comprovam essa afirmação. No município o SINDEDUCAÇÃO tem levado a categoria a reiteradas derrotas seja nas traições descaradas, como aconteceu com o término da greve de 2010  ou nas pífias mobilizações desse ano ocorridas próximo das férias . 
          O autoritário prefeito João Castelo tem a direção sindical que qualquer governo gostaria de ter nas mãos. Esse ano o reajuste da categoria, 7%, foi inferior ao de 2010, apesar do crescimento da arrecadação tributária, dos recursos do FUNDEB e da defasagem salarial da categoria acumulada nos últimos três anos em aproximadamente 40%. Os funcionários das escolas estão a mais de quatro meses sem receber salários e a direção do SINDEDUCAÇÃO não move uma única palha. Na rede estadual nem se fala, a categoria já não agüenta mais tanta traição do PC do B/ CTB que além de nos impor seguidas derrotas, ainda faz acordos com o governo que só penalizam a categoria.  A CNTE, por sua vez, se nega a unificar os educadores brasileiros para uma greve nacional da categoria em defesa da aplicação da Lei do Piso. As greves aconteceram em quase todo a país e a CNTE fez “ouvido de mercador” ao clamor dos educadores brasileiros. Já a UNE, UBES e a UMES, entidades estudantis governistas, preferem fazer festas e promover congressos milionários do que organizar a luta da juventude.  No último congresso da UNE, por exemplo, o governo federal “derramou um “cala boca” de 5 milhões de reais.
                Porém, apesar desse quadro de horror, as lutas têm acontecido por fora dessas entidades. Em São Luís estudantes e professores têm protagonizado grandes manifestações exigindo melhorias das condições infra-estruturais e pedagógicas de suas escolas. Em apenas uma semana o CEM Cintra, o Coelho Neto, ambas da rede estadual, e a escola da rede municipal, Vovô Anita, paralisaram suas aulas e ganharam as ruas para denunciar o descaso dos governos com a educação pública. 
Escola Estadual de Ens. Médio  Coelho Neto
Nós da CSP Conlutas e da ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes Livres) e MRP, que estivemos em algumas dessas manifestações, acreditamos que esse é o caminho que devemos trilhar, fortalecendo a unidade entre professor e estudante.  Quanto a essas direções governistas, se não serve, MUDA!



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Depoimento de uma aluna de escola pública no Maranhão

Amanda Gurgel divulgou em seu Blog que recebeu " um importante vídeo com o depoimento da estudante Ariany Galeno, de 11 anos, lá da cidade de Imperatriz, no Maranhão. Ariany cursa o 7º ano numa escola pública do município e, junto com seu pai, resolveu gravar o vídeo para denunciar as condições precárias da educação e somar forças na luta pelos 10% do PIB Já. 

Seminário de Educação nega PNE de Dilma e prepara categoria para jornada de Lutas.

       
 Cercado de muita expectativa  o I Seminário de Estadual de Educação da CSP Conlutas  Maranhão foi uma vitória de classe da nossa central e dos (as) educadores (as) de luta. Vitoriosa, acima, de tudo por ter sido um Seminário construído e conduzido por intelectuais militantes. 
Na noite do dia 08/07 (sexta-feira) centenas de pessoas lotaram o auditório do Sindicato dos bancários para participar da abertura do Seminário que contou com a presença da professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, fazendo o lançamento da Campanha 10% do PIB Já para a Educação!.Na abertura do Seminario foi exibido o vídeo de comemoração de 1 ano da CSP Conlutas. Diversas entidades do movimento de educação, partidos políticos de esquerda compuseram a mesa para saudar o seminário.

     Bastante identificada com os relatos da professora Amanda Gurgel sobre a  labuta cotidiana de ser educador, a platéia se manteve atenta e empolgada. Assim, o lançamento da campanha foi um sucesso, visto que a categoria abraçou a proposta da Campanha 10% do PIB JÁ para Educação e interviu fazendo duras críticas ao PNE (Plano Nacional de Educação) privatizante do governo Dilma.

      No sábado (09/08) foi realizado o seminário dividido em dois momentos. Pela manhã o debate teve como eixo os impactos do PNE 2001-2010 no ensino superior. A mesa composta por representantes da APRUMA, o professor Vilemar; SINASEFE Campus Monte Castelo, Claudicéa Durans professora do IFMA e  pelo estudante da UFMA e membro da CEE da ANEL, Nelson Júnior.

     Na parte da tarde o debate focalizou a educação básica e tecnológica. A mesa foi composta por Antonísio Furtado, professor da rede pública municipal e estadual e representante do MRP (Movimento de Resistência dos Professores), Hertz Dias, professor da rede pública municipal e estadual e militante da Setorial de Educação da CSP Conlutas-MA e Jean Carlos, professor do IFMA campus Maracanã e diretor do SINASEFE.

     As exposições dos palestrantes e as intervenções da platéia,  apontavam para a necessidade de negar o PNE de Dilma, considerado como uma versão piorada do PNE de FHC e Lula (2001-2010) e do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) de Lula a medida que intensifica o já recorrente processo de mercantilização da educação, precariza o trabalho docente, robustece as avaliações autoritárias via IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e mantém como meta para 2020 o pífio investimento de 7% do PIB.  Entre os presentes foi unanime a defesa dos 10% do PIB para a educação pública JÁ.

       Todos os debates foram de altíssimo nível. Ao final o plenário aprovou o manifesto nacional da CONLUTAS contra o PNE de Dilma e pela construção da jornada de lutas para o próximo semestre, especialmente a marcha do dia 24 de agosto para Brasília e o plebiscito unitário sobre PNE de Dilma. Na oportunidade também foi lida e aprovada uma moção exigindo a exoneração do professor do curso de Engenharia da Química da UFMA, Jorge Clóvis Verde Saraiva, que ofendeu com palavras e escritos racistas o aluno nigeriano Nuhu Ayuba.Segue a nota:

Nota de Repúdio

Os participantes do I Seminario de Educação da CSP Conlutas Maranhão, realizado nos dias 08 e 09 de julho de 2011, repudiam o caso de racismo manifestado no curso de Engenharia Química praticado pelo professor Cloves Saraiva da disciplina calculo vetorial, ao estudante nigeriano Nuhu Ayuba.
O episodio foi denunciado pelos estudantes do mesmo curso, através de Petição Pública, na qual relata textualmente a situação de humilhação, preconceito, discriminação e propõe apuração dos fatos.
Diante desse fato, manifestamo-nos contra todas as práticas racistas e exigimos imediata punição do agressor, para que atitudes como estas tão recorrentes, não sejam consideradas como naturais, violando os direitos humanos.

São Luís, 09 de Julho de 2011

          A CSP Conlutas Maranhão agradece a todos os professores, estudantes, trabalhadores de maneira geral e as organizações que construíram e participaram desse importante evento.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

DIREÇÃO DO SINPROESEMMA: NO LIMITE DA IRRESPONSABILIDADE



          Só trair a greve não bastou. Agora o PC do B/ CTB assumem a tarefa de dizer amém a todos os ataques do governo Roseana (PMDB/PT) contra os educadores do Maranhão no pós-greve. Se em nota do dia 22 de junho diziam textualmente “o sindicato defende o direito de férias integrais em julho aos trabalhadores da educação, contrapondo-se à posição do governo de incluir o mês de julho no calendário, com aulas normais, a fim de cumprir o prazo determinado pela Seduc de encerrar o ano letivo no dia 23 de dezembro” agora, tomados pelo efeito camaleônico, assumem outro nefasto compromisso com o governo que vai contra os interesses da categoria. Em nota do dia 06 de Julho afirmam que “(...) o sindicato flexibilizou na defesa de férias integrais em julho e propôs pelo menos os 15 dias de férias, previstos no termo de compromisso”.  O efeito danoso dessa postura para a categoria foi que o governo e os (as) diretores (as) das escolas se sentiram fortalecidos e amparados para arrancar 15 dias de férias referente ao ano letivo de 2010 que, portanto, nada tem haver com a greve de 2011.  Tudo isso depois de 78 dias de uma cansativa e desgastante greve. Nesse cenário o PC do B, infelizmente, assume o papel de capitão do mato do governo. Faz com o educador o mesmo que o Deputado Federal e Relator do novo Código Ambiental, deputado federal Aldo Rabelo (PC do B), fez com o meio ambiente e os trabalhadores do campo. Bastou o Código Florestal ruralista ser aprovado para desencadear uma onda de ameaça e derramamento de sangue de ambientalistas, camponeses e quilombolas.
          Como vemos, o resumo dessa ópera sinistra, orquestra pelo PC do B/ CTB, para os educadores do Maranhão é: ausência de reajuste salarial desde janeiro de 2009, a não aprovação do Estatuto do Educador, a não sinalização de aplicação da lei do piso, nenhuma pressão para garantir 1/3 de hora atividade (extra-classe) para os professores; e uma série de compromissos que esse governo simplesmente considerará como “arquivo morto”. Nem mesmo dia uma assembléia foi convocada para consultar a categoria sobre essas imposições.
       A CSP CONLUTAS-MA repudia essas práticas da direção do SINPROESEMMA  contra a categoria e a política criminosa do governo de Roseana Sarney. O fortalecimento da Oposição é a única saída para preservar direitos e obter conquistas.

CSP CONLUTAS MARANHÃO

segunda-feira, 4 de julho de 2011

CSP Conlutas defende paralisação de servidores municipais para o dia 13/07

Não estamos aqui para fazer doutorado em assembléia”, assim expressou um dos militantes do CSP CONLUTAS em mais uma assembléia dos servidores públicos municipais realizada hoje (04/07) no auditório do sindicato dos bancários. As falas da maioria dos dirigentes sindicais presentes era de culpar as suas próprias bases pelas fracas mobilizações que tem ocorrido.
Na contramão desses discursos nossa organização tem exigido das direções que se empenhem nesse processo, pois as condições para uma greve estão dadas, seja com o alto índice de rejeição popular do prefeito João Castelo, seja pela indignação dos servidores públicos municipal. A contragosto do presidente do SINFUSP, a maioria dos presentes deliberaram pela posição conjunta da CSP CONLUTAS, MRP e “Unidos pra Lutar” , pela paralisação no dia 13/07 (quarta-feira) com concentração na Praça Deodoro a partir das 8:00h da manhã e passeata em direção a prefeitura ou a câmara de vereadores. Para garantir que as deliberações sejam encaminhadas, alguns dos nossos militantes se incorporaram na comissão de mobilização.

SOMENTE COM UMA GREVE UNIFICADA SAIREMOS VITORIOSOS!

             São Luís tem um dos custos de vida mais alto do país, resultado de uma política combinada dos governos de João Castelo (PSDB) e de Roseana Sarney (PMDB/PT). O metro quadrado em nossa capital é o mais caro do nordeste, ao mesmo tempo em que nosso Estado tem a maior quantidade de família sem casa no Brasil. O transporte coletivo é um caos, temos o maior déficit de ônibus do país e uma das passagens mais caras. Enquanto sobram buracos nas ruas, faltam leitos e médicos nos hospitais. Muitas escolas viraram depósito de crianças pobres, superlotadas ou funcionando em prédios insalubres. Apenas as “escolas fantasma” – os “elefantes brancos”- tem recebido investimento do FUNDEB. Como resultado dessa política, somente na Cidade Olímpica mais de 400 crianças estão sem estudar. Tudo isso, apesar dos elevados impostos que são arrancados da população pobre e que não retornam em forma de serviços públicos de qualidade e nem em melhorias das condições de trabalho e de salário dos seus servidores. Por outro lado, o prefeito se nega a negociar a pauta de reivindicações das diversas categorias de servidores públicos. Esse quadro caótico posiciona João Castelo como um dos piores prefeitos do Brasil e o pior da história de São Luís.
             O autoritarismo de Castelo, a insatisfação da população e as péssimas condições de trabalho e de salário do conjunto dos servidores, fazem com que as condições para deflagração de uma greve unificada estejam mais do que maduras. No entanto, é necessário que as direções sindicais tenham independência perante o Prefeito e mobilizem suas categorias. Se não há alternativa, a não ser a greve, então, não temos o que temer. A greve é uma ferramenta preciosa que a classe trabalhadora utiliza em momentos como esse.  Está claro que João Castelo só negociará a partir da pressão que virá das ruas. Com governos autoritários dialoguemos em GREVE!

CSP CONLUTAS MARANHÃO

domingo, 26 de junho de 2011

SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS UNIFICAM AÇÃO CONTRA CASTELO, MAS DIREÇÃO DO SINDEDUCAÇÃO TENTA CONFUNDIR PROFESSORES.

João Castelo

                  Como se não bastasse à desrespeitosa eleição da professora e uma das diretoras do SINDEEDUAÇÃO Lindalva Lopes pararepresentar os professores no CACS (CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE SOCIAL DO FUNDEB) em uma assembléia realizada com apenas 22 professores, haja vista que não houve divulgação em lugar algum, agora é vez dos especialistas em traições tentar confundir a categoria em relação a paralisação do dia 27, próxima segunda-feira. Conforme foi deliberado na última assembléia unificada o dia 27 seria de paralisação de todos os serviços públicos municipais e de realização de uma passeata em direção a prefeitura com concentração a partir das 8:00h na Praça Deodoro.  O que unifica todas as categorias é a data base pra lá de estourada e  sem nenhum aceno concreto do prefeito até o momento.  
                No entanto, no site do SINDEDUCAÇÃO, consta a maliciosa informação de que ocorrerá apenas um ato com concentração às 14:00h no mesmo local. Essa informação está sendo repassada nas escolas por diretores do sindicato que estão afirmando descaradamente aos professores que não será preciso paralisar as aulas. Ora, como é possível fazer um ato para pressionar o prefeito João Castelo SEM PARALIZAÇÃO? Está claro que João Castelo já deve ter puxado a orelha dessa direção que entregou nossa ultima greve em troca de cargos na SEMED. Como dizia o líder negro Malcolm X “a divida é um passo para a escravidão”. Para a categoria fica aqui a verdadeira convocatória: VAMOS TODOS PARALIZAR NOSSAS ATIVDADES NO DIA 27 EM TODOS OS TURNOS E PARTICIPAR DO ATO PELA MANHÃ NA PRAÇA DEODORO A PARTIR DAS 8:00h.  
               Lembramos ainda que a referida assembléia aprovou ainda o indicativo de greve para o dia 04 de julho, dia este em que ocorrerá uma nova assembléia em  local e horário a ser confirmado.

sábado, 18 de junho de 2011

O legado da última greve como experiência para as próximas lutas: dez breves apontamentos.


O LEGADO DA ÚLTIMA GREVE COMO EXPERIÊNCIA PARA AS PRÓXIMAS LUTAS: dez breves apontamentos.


Passamos quase oitenta dias em greve contra Roseana Sarney e em defesa de 21 pontos de pauta de reivindicação como aprovação do Estatuto do Educador, recomposição da tabela salarial, aprovação da lei do piso, nomeação dos aprovados no último concurso, construção e reformas das escolas, etc. Sob o sol a pino ou as chuvas torrenciais, acampados ou em passeata, ocupando o legislativo ou enfrentando diretores truculentos, essa foi, sem dúvida, uma das mais duras greves que nossa categoria já enfrentou. Mas, para bons lutadores que somos, não basta apenas contos heróicos nem lamentações derrotistas é preciso saber tirar lições para dá continuidade ao movimento, pois como foi dito inúmeras vezes no belíssimo e emocionante ato de encerramento deste movimento “a greve termina aqui, mas a luta continua”. Vamos as nossas considerações:
1- Uma primeira lição diz respeito a questão das DIREÇÕES. Essa é uma análise que a CSP CONLUTAS tem de conjunto. Um dos grandes males do movimento sindical brasileiro é a falta de independência financeira e política da maioria das direções perante o Estado e os patrões, e a direção do SINPROESSEMA (PC do B/ CTB) mostrou isso mais uma vez.  Mostraram que para manter as benesses do aparato sindical são capazes de colocar a cabeça da categoria na guilhotina.
2-  Que apesar disso, essa mesma DIREÇÃO saiu mais desgastada do que quando iniciou a greve, especialmente com os educadores dos municípios do interior do Estado onde até então, resguardavam uma importante base política. Alguns destes estavam na última assembléia da categoria e viram a direção manobrar cinicamente em favor do fim da greve enquanto a maioria dos educadores votava pela sua continuidade. Desta vez, parece que há uma resposta qualitativamente superior da categoria contra esse tipo de postura. Basta lembrar que um dos seus diretores rompeu com acamarilha em plena assembléia e isso não é qualquer coisa. Cerca de 70% da grande imprensa não sarneísta do Estado do Maranhão divulgou o fim da greve como mais um golpe do PC do B.
3-  Aos muitos professores da capital fica nosso alerta. Ter uma direção traidora não pode servir de pretexto para não aderir a um movimento grevista. Abster-se de grevar por esse motivo apenas fortalece o discurso reacionário da atual direção, que sempre joga a culpa de suas traições na imobilidade da categoria. O governo também se aproveitou disso para propagandear que a greve não tinha força alguma na capital.
4- Apesar disso, do ponto de vista político, saímos vitoriosos dessa greve. Novas lideranças foram se construindo ao longo do movimento, quase todas ligadas a Oposição. Quando isso acontece, o personalismo se enfraquece e o coletivo se fortalece. Mesmo sem conquistas materiais - o ônus disso cabe a direção traídora do SINPROESEMMA- o governo de Roseana Sarney saiu completamente desgastado com a categoria e com a população de maneira geral. A máscara do “melhor governo” de Roseana Sarney começou a ser arrancada a partir dessa greve.
5- Também foi acertada a defesa da unidade, inclusive com a direção do SINPROESEMMA como ponto de partida da unidade da própria categoria. Essa nossa postura (CSP CONLUTAS e o Movimento de Resistência dos Professores- MRP) contribuiu para dá um fôlego a mais a categoria para enfrentar Roseana Sarney. No entanto, ficou claro que os limites intransponíveis da atual direção do SINPROESSEMMA decorrem do caráter das organizações políticas em que seus membros militam (PC do B/ CTB), ou seja, de organizações que se apegam a qualquer custo ao aparato sindical como se fosse um bem privado e que não medem esforços para compor politicamente com setores governistas e de direita. Nem bem terminou nossa greve e o PC do B, a CTB e setores do PT estavam a todo vapor fazendo campanha para a reeleição do autoritário reitor da UFMA, Natalino Salgado do PSDB. Para esses indivíduos vale o velho ditado popular “me diz com quem tu andas que eu direi quem tu és”.
6- A posição dos estudantes também foi importante nesse processo. Ficou patente a ausência de entidades estudantis se manifestando em favor da greve. Muitas dessas entidades, por serem governistas, se posicionaram contra a greve. Algumas foram descaradamente financiadas pelo governo como o falacioso “Movimento Volta às Aulas” atrelado ao Deputado estadual Roberto Costa do PMDB. A ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes Livres) entidade filiada a CSP CONLUTAS, esteve na contracorrente desse processo. Foi a primeira entidade estudantil a lançar um manifesto em defesa dos educadores e manteve essa posição firme até o fim da greve. Um grande exemplo da força dos estudantes foi uma caminhada em defesa da greve com mais de três mil alunos ocorridas na cidade de Imperatriz.  Uma das grandes tarefas que está colocada para a Oposição e os movimentos estudantis independentes e combativos é incentivar a fundação de grêmios estudantis, inexistentes na maioria das nossas escolas. 
7- Para as oposições, CSP CONLUTAS e MRP, fica a lição de que nossa unidade deve ser mantida e fortalecida. O enfraquecimento da direção do Sindicato em suas bases políticas mais importantes abre a possibilidade de construção de um amplo movimento de Oposição para além da capital do Estado. Contudo, compreendemos que esse movimento deve ter por base um programa mínimo para a educação pública do Maranhão sem perder de vista as políticas nacionais mais gerais. Um bom combate de uma boa Oposição se faz com bons militantes. A formação política tem que ser nosso principal ponto de apoio.
8- Em razão disso, temos desacordo com a fundação da Associação de Professores levado a cabo pela companheirada do MRP e alguns professores independentes.  É um erro gravíssimo começar construir uma casa pelo telhado. A última greve deu mais força para a Oposição, criando, inclusive, condições, até então inexistentes, para disputarmos a direção do SINPROESEMMA no próximo pleito, o que não quer dizer que ganharemos.  A fundação da Associação é um erro político, visto que cria uma nova entidade ao invés de fortalecer a disputa pela base do SINPROESSEMA, como fizemos durante toda a greve. É também um erro tático, pois divide a própria oposição já que não é consensual. Além do mais, transforma um movimento histórico e real, O MRP, em uma entidade artificial. Contudo, desejamos boa sorte aos (as) camaradas nessa nova empreitada e nossa disposição em seguir juntos na luta, porém por fora da referida Associação.
9- Essa greve nos possibilitou vislumbrar na prática o que significa de fato ter solidariedade de classe. Se por um lado, a CUT e PT não apoiaram a greve, haja vista que são governistas até a medula, por outro, a CSP CONLUTAS não titubeou em se manter do lado dos educadores, inclusive organizando uma passeata em direção ao acampamento do professores em frente ao prédio da Secretaria de Educação, no dia Nacional de Luta contra os ataques de Dilma aos servidores públicos (28/04). Essa é uma lição importante que busca romper com o corporativismo sindical. A classe trabalhadora deve ser entendida como uma só. A nós da oposição cabe retribuir essa solidariedade quando outras categorias estiverem se enfrentando com os governos e os patrões. Um bom exemplo disso está sendo a solidariedade nacional e até internacional prestada a greve dos bombeiros do Rio de Janeiro e nela mais uma vez a nossa CSP CONLUTAS está presente com o lema “Somos todos Bombeiros”.
10- Nem bem terminava nossa greve e outras categorias de educadores de vários municípios e estados do Brasil paralisavam suas aulas. Pelas reivindicações é possível perceber que os motivos são os mesmos, a preservação da carreira de docentes que se encontra em um franco processo de desmoralização em todo país além da campanha 10% do PIB já para a educação pública. Essa constatação traz a tona uma questão importante: se os ataques se dão em nível nacional, então em quem se apoiar nacionalmente para enfrentá-los? Na verdade, essa é umas das tarefas que a CSP CONLUTAS modestamente se propõe a fazer; que é reconstruir a unidade e a auto-estima da classe trabalhadora em âmbito nacional e internacional, sobretudo depois da falência política de centrais como a CUT e a CTB que estão mais preocupadas em abocanhar os recursos do FAT ou do imposto sindical do que em defender os interesses da classe trabalhadora. 


Venha conosco construir a CSP CONLUTAS-MA!

terça-feira, 14 de junho de 2011

CSP- Conlutas lança manifesto contra o PNE; documento será distribuído em audiência pública nesta quarta em Brasília

14/06/2011

Nesta quarta-feira (15), a CSP-Conlutas participará da audiência pública para tratar sobre o PNE (Plano Nacional de Educação), em Brasília. O setorial de Educação da Central elaborou um manifesto contrário ao plano que será distribuído no encontro.

Segue, abaixo, o documento

Manifesto da CSP-Conlutas sobre Educação

10% DO PIB JÁ!

Contra o PNE do governo Dilma!

Por um Projeto de Educação Nacional dos trabalhadores!

A CSP-Conlutas vem a público anunciar o gravíssimo ataque à Educação Pública no nosso país materializado no PNE (Plano Nacional de Educação), PL 8035/10 do governo Dilma. Esse PNE compromete seriamente um ensino público, gratuito, universal, laico, unitário e de qualidade social, como dever do Estado e direito universal. O PNE que tramita no Congresso Nacional, com apoio do AGCS/OMC (Acordo Geral de Comércio de Serviços da Organização Mundial do Comércio), dilui o dever do Estado na garantia do direito à Educação Pública institucionalizando as Parcerias Público Privadas (PPP’s) e rifando  o protagonismo histórico dos educadores.

Cabe lembrar que o PNE, que expirou em dezembro de 2010, não chegou a cumprir nem 2/3 das precárias metas que se propôs em dez anos, nem sequer chegou a investir 4,5% do PIB na Educação e agora tenta provar que o Estado fracassou, o que justificaria o apoio das empresas privadas. O Estado não fracassou e sim as políticas de governos descomprometidas com a classe trabalhadora que – cinicamente – tentam conciliar justiça social com mercado e continuar desviando verbas públicas para os setores privados.  O que demonstra que a Educação continua sem ser prioridade foi o corte de R$ 50 bilhões que Dilma impôs, contabilizando um corte de R$ 3,1 bilhões na pasta de Educação. Como melhorar a Educação sem investimento real? Além disso, o novo PNE incorpora as políticas e projetos que no último período significaram maior precarização e privatização da Educação. Vamos desmascarar esse golpe, pois um plano de educação não pode se curvar às leis de mercado colocando em risco a emancipação de uma sociedade.

O  Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego), entre as várias estratégias/ metas do PNE governista, é um programa elaborado pelo Governo Dilma em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria). A proposta do programa é oferecer bolsas e financiamento estudantil em troca da isenção de impostos. É uma versão piorada do privatizante Prouni (Programa Universidade para Todos), com envio direto de dinheiro para o setor privado, não somente via isenção de impostos. Através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) o governo pretende oferecer financiamento ao Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SENAC).  É a farra dos “financiamentos”  chegando ao ensino médio!  A educação como um  negócio espetacular mobilizando o/a globo numa “blitz” que mais parece  um “topa tudo por dinheiro”.  Não vamos deixar barato!

Não por acaso a voz da profa. Amanda Gurgel ressoa em todo o país que aprendeu a se apropriar das tecnologias para construir a resistência.  Essa voz encontra ressonância porque cada profissional se reconhece nos poucos algarismos dos salários aviltantes, nas vergonhosas condições de trabalho, no desrespeito à autonomia pedagógica, na falta de democracia das escolas, mas também na certeza de que é preciso lutar para mudar a vida e construir um  país melhor.

É hora de construirmos uma grande campanha em defesa do projeto de educação que queremos, contra o PNE governista e pela destinação imediata de 10 % do PIB exclusivamente voltado para a educação Pública.

Um país sem pobreza começa por uma educação Pública de qualidade para todos!

CSP-Conlutas Nacional

CSP CONLUTAS: 1 ANO DE LUTA TAMBÉM NA EDUCAÇÃO

Com muito orgulho a CSP CONLUTAS completa 1 ano de idade.  Para comemorar esse momento, nós da Setorial de Educação da CSP CONLUTAS do Maranhão convidamos você a conhecer nossa Central, participando da atividade “CONLUTAS: História, Organização e Bandeiras de Lutas para a Educação” que acontecerá no dia 18 de junho (próximo sábado) a partir das 9:00h no mini-auditório do Sindicato dos Bancários situado na rua do Sol, Centro.

Obs¹: Informamos aos educadores que precisarem levar seus filhos que estaremos organizando uma creche no local da atividade

Obs²: Solicitamos aos interessados em participar da referida atividade que confirmem por email ou pelos fones: 87124083- Hertz ou 81367706- Vanda.

CONTAMOS COM SUA PRESENÇA!

domingo, 12 de junho de 2011

Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação


Vejam panfleto nacional aqui

A desmoralização social da carreira docente *

Qualquer avaliação honesta da situação das redes de ensino público estadual e municipal revela que a educação contemporânea no Brasil, infelizmente, não é satisfatória. Mesmo procurando encarar a situação dramática com a máxima sobriedade, é incontornável verificar que o quadro é desolador. A escolaridade média da população com 15 anos ou mais permanece inferior a oito anos, e é de quatro entre os 20% mais pobres, porém, é superior a dez entre os 20% mais ricos 1. É verdade que o Brasil em 1980 era um país culturalmente primitivo que recém completava a transição histórica de uma sociedade rural. Mas, ainda assim, em trinta anos avançamos apenas três anos na escolaridade média. 

São muitos, felizmente, os indicadores disponíveis para aferir a realidade educacional. Reconhecer as dificuldades tais como elas são é um primeiro passo para poder ter um diagnóstico aproximativo. A Unesco, por exemplo, realiza uma pesquisa que enfoca as habilidades dominadas pelos alunos de 15 anos, o que corresponde aos oitos anos do ensino fundamental 2. O Pisa (Programa Internacional de avaliação de Estudantes) é um projeto de avaliação comparada. As informações são oficiais porque são os governos que devem oferecer os dados. A pesquisa considera os países membros da OCDE além da Argentina, Colômbia e Uruguai, entre outros, somando 57 países.

Em uma avaliação realizada em 2006, considerando as áreas de Leitura, Matemática e Ciências o Brasil apresentou desempenho muito abaixo da média 3. No caso de Ciências, o Brasil teve mais de 40% dos estudantes situados no nível mais baixo de desempenho. Em Matemática, a posição do Brasil foi muito desfavorável, equiparando-se à da Colômbia e sendo melhor apenas que a da Tunísia ou Quirguistão. Em leitura, 40% dos estudantes avaliados no Brasil, assim como na Indonésia, México e Tailândia, mostram níveis de letramento equivalentes aos alunos que se encontram no meio da educação primária nos países da OCDE. Ficamos entre os dez países com pior desempenho.

As razões identificadas para esta crise são variadas. É verdade que problemas complexos têm muitas determinações. Entre os muitos processos que explicam a decadência do ensino público, um dos mais significativos, senão o mais devastador, foi a queda do salário médio docente a partir, sobretudo, dos anos oitenta. Tão grande foi a queda do salário dos professores que, em 2008, como medida de emergência, foi criado um piso nacional. Os professores das escolas públicas passaram a ter a garantia de não ganhar abaixo de R$ 950,00, somados aí o vencimento básico (salário) e as gratificações e vantagens. Se considerarmos como referência o rendimento médio real dos trabalhadores, apurado em dezembro de 2010 o valor foi de R$ 1.515,10 4. Em outras palavras, o piso nacional é inferior, apesar da exigência mínima de uma escolaridade que precisa ser o dobro da escolaridade média nacional.

Já o salário médio nacional dos professores iniciantes na carreira com licenciatura plena e jornada de 40 horas semanais, incluindo as gratificações, antes dos descontos, foi R$1.777,66 nas redes estaduais de ensino no início de 2010, segundo o Ministério da Educação. Importante considerar que o ensino primário foi municipalizado e incontáveis prefeituras remuneram muito menos. O melhor salário foi o do Distrito Federal, R$3.227,87. O do Rio Grande do Sul foi o quinto pior, R$1.269,56 5. Pior que o Rio Grande do Sul estão somente a Paraíba com R$ 1.243,09, o Rio Grande do Norte com R$ 1.157,33, Goiás com R$ 1.084,00, e o lanterninha Pernambuco com R$ 1016,00. A pior média salarial do país corresponde, surpreendentemente, à região sul: R$ 1.477,28. No Nordeste era de R$ 1.560,73. No centro-oeste de R$ 2.235,59. No norte de R$ 2.109,68. No sudeste de R$ 1.697,41. 

A média nacional estabelece o salário docente das redes estaduais em três salários mínimos e meio para contrato de 40 horas. Trinta anos atrás, ainda era possível ingressar na carreira em alguns Estados com salário equivalente a dez salários mínimos. Se fizermos comparações com os salários docentes de países em estágio de desenvolvimento equivalente ao brasileiro as conclusões serão igualmente escandalosas. Quando examinados os salários dos professores do ensino médio, em estudo da Unesco, sobre 31 países, há somente sete que pagam salários mais baixos do que o Brasil, em um total de 38 6. Não deveria, portanto, surpreender ninguém que os professores se vejam obrigados a cumprir jornadas de trabalho esmagadoras, e que a overdose de trabalho comprometa o ensino e destrua a sua saúde.

O que é a degradação social de uma categoria? Na história do capitalismo, várias categorias passaram em diferentes momentos por elevação do seu estatuto profissional ou por destruição. Houve uma época no Brasil em que os “reis” da classe operária eram os ferramenteiros: nada tinha maior dignidade, porque eram aqueles que dominavam plenamente o trabalho no metal, conseguiam manipular as ferramentas mais complexas e consertar as máquinas. Séculos antes, na Europa, foram os marceneiros, os tapeceiros e na maioria das sociedades os mineiros foram bem pagos. Houve períodos históricos na Inglaterra – porque a aristocracia era pomposa - em que os alfaiates foram excepcionalmente bem remunerados. Na França, segundo alguns historiadores, os cozinheiros. Houve fases do capitalismo em que o estatuto do trabalho manual, associada a certas profissões, foi maior ou menor.

A carreira docente mergulhou nos últimos vinte e cinco anos numa profunda ruína. Há, com razão, um ressentimento social mais do que justo entre os professores. A escola pública entrou em decadência e a profissão foi, economicamente, desmoralizada, e socialmente desqualificada, inclusive, diante dos estudantes.

Os professores foram desqualificados diante da sociedade. O sindicalismo dos professores, uma das categorias mais organizadas e combativas, foi construído como resistência a essa destruição das condições materiais de vida. Reduzidos às condições de penúria, os professores se sentem vexados. Este processo foi uma das expressões da crise crônica do capitalismo. Depois do esgotamento da ditadura, simultaneamente à construção do regime democrático liberal, o capitalismo brasileiro parou de crescer, mergulhou numa longa estagnação. O Estado passou a ser, em primeiríssimo lugar, um instrumento para a acumulação de capital rentista. Isso significa que os serviços públicos foram completamente desqualificados. 

Dentro dos serviços públicos, contudo, há diferenças de grau. As proporções têm importância: a segurança pública está ameaçada e a justiça continua muito lenta e inacessível, mas o Estado não deixou de construir mais e mais presídios, nem os salários do judiciário se desvalorizaram como os da educação; a saúde pública está em crise, mas isso não impediu que programas importantes, e relativamente caros, como variadas campanhas de vacinação, ou até a distribuição do coquetel para os soropositivos de HIV, fossem preservados. Entre todos os serviços, o mais vulnerável foi a educação, porque a sua privatização foi devastadora. Isso levou os professores a procurarem mecanismos de luta individual e coletiva para sobreviverem.

Há formas mais organizadas de resistência, como as greves, e formas mais atomizadas, como a abstenção ao trabalho. Não é um exagero dizer que o movimento sindical dos professores ensaiou quase todos os tipos de greves possíveis. Greves com e sem reposição de aulas. Greves de um dia e greves de duas, dez, quatorze, até vinte semanas. Greves com ocupação de prédios públicos. Greves com marchas. 

Conhecemos, também, muitas e variadas formas de resistência individual: a migração das capitais dos Estados para o interior onde a vida é mais barata; os cursos de administração escolar para concursos de diretor e supervisor; transferências para outras funções, como cargos em delegacias de ensino e bibliotecas. E, também, a ausência. Tivemos taxas de absenteísmo, de falta ao trabalho, em alguns anos, inverossímeis.

Não obstante as desmoralizações individuais, o mais impressionante, se considerarmos futuro da educação brasileira, é valente resistência dos professores com suas lutas coletivas. Foram e permanecem uma inspiração para o povo brasileiro. 

VALÉRIO ARCARY Historiador, professor do Cefet/SP.


1 Os dados sobre desigualdades sociais em educação mostram, por exemplo, que, enquanto os 20% mais ricos da população estudam em média 10,3 anos, os 20% mais pobres tem média de 4,7 anos, com diferença superior a cinco anos e meio de estudo entre ricos e pobres. Os dados indicam que os avanços têm sido ínfimos. Por exemplo, a média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de idade se elevou apenas de 7,0 anos em 2005 para 7,1 anos em 2006. Wegrzynovski, Ricardo Ainda vítima das iniqüidades  in http://desafios2.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3962
Consulta em 21/02/2011.

2 Informações sobre o PISA podem ser procuradas em:
Consulta em 21/02/2011

3 O relatório citado organiza os dados de 2006, e estão disponíveis em:
Consulta em 19/02/2011

4 A pesquisa mensal do IBGE só é realizada em algumas regiões metropolitanas. Não há uma base de dados disponível para aferir o salário médio nacional. Veja o link aqui Consulta em 19/02/2011

5 Uma pesquisa completa sobre os salários iniciais em todos os Estados pode ser encontrada em estudo:
Consulta em 14/02/2011

sábado, 21 de maio de 2011

Vídeo da Professora Amanda Gurgel

Professora Amanda Gurgel silencia Deputados em audiência pública. Depoimento Resumindo o quadro da Educação no Brasil. Educadora fala sobre condições precárias de trabalho no RN/BRASIL. (10/05/2011)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

De quem é a Culpa da Crise da Educação Pública do Maranhão? *

                 A greve dos professores da rede pública do Estado do Maranhão já chega a quase setenta dias provocando entre a população maranhense um importante debate: a quem responsabilizar, não só pela greve, mas pela indisfarçável precarização que atinge a oferta desse serviço público? Por que quase sempre ocupamos as últimas posições dentre os demais entes federados em um país em que a cobrança de impostos, diante dos serviços públicos ofertados, é um latrocínio social?
           Em primeiro lugar cabe salientar que esse processo se dá diante da maior crise econômica que vive o capitalismo desde 1929. Somente em 2008 os governos de todo o mundo gastaram mais de 33 trilhões de dólares para salvar capitalistas falidos. Esse dinheiro daria para resolver o problema da fome no mundo por dezenas de vezes.  Além dessas vultosas doações, os governos subservientes terão que precarizar e privatizar os serviços públicos para que o capital recupere suas taxas de lucros.
              Essa é a política que os organismos imperialistas como o Banco Mundial, a UNESCO e a UNICEF têm para os países de terceiro mundo como o Brasil. Sinalizam ajuda financeira condicionada a restrições da oferta de serviços públicos para desbloquear a expansão do capital para áreas até então restritas ao controle estatal, a exemplo da educação. Mas, para que esse processo se realize é necessário remover do seu caminho todo e qualquer obstáculo.
              Considerando que professores e alunos, pela posição que ocupam no processo educativo, são os dois principais sujeitos em defesa da educação pública, passam a ser, igualmente, os dois principais alvos das políticas criminalizantes desses governos. Para isso, as avaliações de desempenho (ENEM, Prova Brasil, SAEB, ENADE, etc.) são extensão da política de criminalização desses sujeitos históricos. Avaliam-se professores e alunos sem considerar a estrutura de funcionamento do sistema escolar e seus investimentos, um dos menores do mundo. O Brasil investe menos de 5% do PIB em educação.
            O rankeamento (competição entre escolas) é uma política comprovadamente fracassada em países como os Estados Unidos onde a taxa de evasão na escola pública alcança 30% em nível nacional e os impressionante 50% em muitas das grandes cidades. No entanto, o Brasil está adotando esse modelo, não por mera imitação, mas por que tanto FHC, como Lula e agora Dilma têm aprofundado o papel do Brasil como sub-metrópole do imperialismo estadunidense.
                     Paralelo a essa estratégia, há uma política deliberada de tentar  transformar o ambiente escolar em “campo de batalha” entre professores e alunos. Cerca de 70% dos docentes do Brasil já sofreram algum tipo de agressão física ou moral. Sem compreensão global dos interesses e agentes por trás do processo de precarização e mercantilização da educação, os laços sócio afetivo entre professores e alunos e às vezes no interior de cada um desses grupos sociais são cada vez mais tênues. Isso explica a tentativa do governo Roseana Sarney (PMDB/PT) colocar professores e alunos em trincheiras inimigas. Aos professores caberia a responsabilidade pelo fracasso escola pública. Mas será mesmo que essa acusação procede? Vamos aos números.
              O “Estudo Comparativo das Despesas Públicas dos Estados Brasileiros: um Índice de Qualidade do Gasto Público Pesquisas” mostra que o Maranhão é penúltimo estado do Brasil com despesas médias per - capita (insumos) investidos na função educação (apenas 0,194),  dois pontos a menos que o último colocado (Pernambuco com 0,192)  e muito abaixo do Distrito Federal que investe 1.000. Entretanto, nosso estado ocupa a décima posição no índice de Bem-Estar, isto é, somos o décimo com melhor desempenho do país e o primeiro do nordeste, considerando os parcos recursos investidos.
             Isso demonstra claramente que a falta de compromisso com a educação pública é exclusividade dos governos que passaram pelo Estado do Maranhão e não dos professores. Por outro lado, fica no ar a pergunta: como é possível obter tal desempenho com um investimento tão imoral? A pesquisa acessada não responde a essa pergunta, mas há duas explicações óbvias para esse “fenômeno” da educação do Maranhão.
              A primeira é a dedicação e o compromisso do conjunto da categoria com a educação pública, fator esse que contraria o discurso do governo Roseana Sarney (PMDB/PT) de que os professores estariam prejudicando os alunos com a greve. A segunda explicação provém do “bolso amigo” e da improvisação do professor. Muitos professores xerocam textos com o próprio dinheiro para dinamizar suas aulas, outros ministram aulas com recursos tecnológicos de sua propriedade (DVD, data-show, notebook e até televisão). Instrumentos de trabalhos como os pincéis de quadros são comprados pelos próprios docentes. Salas de aulas são transformadas em salas de vídeos. Mais grave é a situação de professores de educação física que são obrigados a ministrar aulas práticas nos corredores, pátios (naquelas escolas que possuem) ou mesmo nas salas de aulas. De cada 5 escolas da rede pública do Brasil apenas 1 possui quadra. Não resta dúvida de que esse déficit deve ser bem mais acentuado no Maranhão.
              Todo esse sacrifício, em meio à falta de estrutura, deveria fazer com que todos os maranhenses se orgulhassem dos seus professores, e se envergonhassem de seus governantes, isso por que esses jamais se envergonharão dos seus atos. A esse respeito o deputado federal, assumidamente sarneísta, Gastão Vieira (PMBD), em entrevista concedida a TV Mirante no dia 25 de abril deste ano responsabilizava os professores pela falta de investimento na educação pública. Disse ele que quase toda verba do FUNDEB, 90%, é utilizada para folha de pagamento de professores, não restando quase nada para atender outras demandas. Gastão Vieira omitiu “sabiamentirosamente” aos telespectadores que a verba da educação pública não se limita ao FUNDEB e que em vários estados os gastos do FUNDEB com professores chegam a casa dos 100%.
                Ironicamente, ao mesmo tempo que o governo Roseana diz que o Maranhão é segundo Estado que mais cresce no país, inclusive batendo recorde de arrecadação mês após mês, nega-se a  investir parte desses recursos em educação pública. O FUNDEB obriga o governo a aplicar os 25% dos “excessos de arrecadação” na educação pública, mas a lei é letra morta nos estados em que as oligarquias têm sobrevida.
                Não temos acordo nem alimentamos ilusão com a política dos chamados “fundinhos”, como era o FUNDEF e hoje o FUNDEB, isso  em razão de suas limitações orçamentárias e tendência privatizante. Mas, nem mesmo essa política minimalista para a educação pública a oligarquia Sarney consegue implementar. Na verdade em um estado governado há mais de 40 anos por um grupo político hiper-atrasado jamais teremos condições de, se quer, realizar o projeto de escola burguesa, imagine uma escola que atenda aos interesses da classe trabalhadora. Em contraste com esse quadro, a governadora Roseana Sarney é convidada a levantar o troféu de segunda governadora mais rica do Brasil com um patrimônio declarado de 7, 8 milhões de reais, perdendo apenas para o governador Teotônio Vilela (PSDB) do paupérrimo estado de Alagoas com um patrimônio de 14,62 milhões de reais.
           Falamos em um outro momento que a educação pública jamais será a tabua de salvação da humanidade , pois não é essa a sua função no modelo de sociabilidade capitalista. Convém ressaltar, porém, que a precarização da educação pública dialoga com graves problemas que assolam a sociedade brasileira, especialmente a nordestina.
             Dado do IBGE (2000) indica que filhos de mulheres com menos de oito anos de estudo tem 2,5 mais possibilidade de engordar as estatísticas de mortalidade infantil do que os filhos de mulheres com oito anos ou mais de estudos.  Em 2004, taxa de mortalidade na região nordeste entre crianças com até 1 ano de idade cujas mães tinham até 3 anos de estudos chegava ao impressionante 54% (54 para cada 100). Considerando que o Maranhão ocupa a segunda posição em taxa de mortalidade infantil (26%) e que a maioria dessas crianças é negra, é possível afirmar que a omissão do governo Roseana Sarney com a educação pública tem contribuído para esse quadro de etnocidio infantil no Maranhão.
               O déficit de matriculas no ensino médio maranhense ocorre paralelo ao crescimento da taxa de homicídio de 22,2% entre a juventude negra maranhense no período de 2002 a 2008. Aliado a isso o trafico de crack deu um salto de 120% em apenas um ano. Por outro lado, o baixo investimento em educação pública explica, ainda que parcialmente, o nível de escolaridade dos detentos brasileiros. Dos 393.488 encarcerados no Brasil, aproximadamente 250.000 não possuem se quer o ensino fundamental completo (fonte: Infopen, 2008/2009).
              Não resta dúvida de que o grande impedimento por parte do governo Roseana para atender a pauta de reivindicação dos professores em greve não é a falta de recursos, mas a necessidade de manter suas bases políticas ciclotimias, que muda de posição de acordo com a situação. As constantes fissuras intraoligárquica resulta da tentativa de transformar o Estado Social em um balcão de negócios políticos.  Por isso mesmo, paralelo a greve dos professores, há uma disputa na “corte do rei” para ver com quem fica a Secretaria de Educação, a que possui o maior orçamento do Estado.
           Em meio a tanta barbárie é preciso considerar a greve dos professores como uma grande lição para a sociedade maranhense, pois como dizia uma professora “essa greve, é uma greve moral”. E de fato é uma greve moral; moral e política. Os marxistas costumam lembrar que toda greve econômica deve ser transformada em uma greve política, uma greve contra o capital e seus governos, não devendo ficar limitada as necessidades imediatas das categorias, mas da classe trabalhadora de maneira geral. E é isso que está acontecendo nessa “baita” greve, uma greve que foi politizada, não pelos marxistas, mas pelo próprio governo.
           O coração de pedra do governo Roseana Sarney, bem como o seu “braço de ferro” estendido contra os professores, está mostrando a população maranhense que esse mesmo governo é letal não só para a educação, mas para o conjunto dos serviços públicos do Maranhão; por isso mesmo outras categorias ensaiam entrar em greve nos próximos dias. A última prova disso foi a marcha “Fora Honoráveis Bandidos” construída pela CSP Conlutas-MA, sindicatos filiados e diversos movimentos sociais e estudantil (ANEL). A mesma foi encerrada com um grande ato em frente a Secretária de Educação do Estado Maranhão onde centenas de professores se encontram acampados desde o dia 26 de abril.
              Essa é a “sinuca de bico” que se encontra o governo Roseana Sarney; atender as reivindicações de uma categoria que já demonstrou que não vai recuar ou aos seus aliados vampirescos, sedentos para fincar suas presas na veia gular do dinheiro público. 

*  por Hertz Dias, graduado em História, mestre em educação e militante da CSP Conlutas-MA.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Confira como será o Dia Nacional de Mobilização (28 de abril) no Maranhão

Confira a programação do dia 28 de abril no Maranhão que terá além das mobilizações das categorias pela manhã um ato contra o Governo Roseana Sarney e em apoio à greve dos professores a partir das 15 horas na Praça Deodoro.


Sinasefe Campus Maracanã
Dia 28/04
Manhã - Café da Manhã e Caminhada no Campus
10:00h - Debate
Tarde - 15h Concentração na Praça Deodoro


Sinasefe Campus Monte Castelo
Manhã - Paralização com ato e panfletagem
Tarde - 15h Concentração na Praça Deodoro


Sintrajufe
27/04 - Paralização de 24hs
28/04 - Concentração na Praça Deodoro


APRUMA
27/04 - Manhã - 06h Panfletagem em frente ao Campus da UFMA
11hs - Panfletagem na Area de Vivência- Campus do Bacanga - UFMA


ANEL
27/04 - 11hs Panfletagem no RU da UFMA
28/04
Manhã - 08hs Panfletagem no IFMA Monte Castelo (antigo CEFET)
Tarde - 15h Concentração na Praça Deodoro


Bancários
28/04
Manhã - Retardamento da abertura de agências bancárias no centro da cidade
Tarde - 15h Concentração na Praça Deodoro


CSP Conlutas Maranhão



Professores ocupam Secretaria de Educação para pressionar por negociação

O 57º dia da greve dos educadores do Maranhão foi mais um dia de muita luta e garra da categoria. Após marchar em protesto para a Secretaria de Educação e não serem recebidos pela secretária Olga Simão, os professores decidiram ocupar as dependências da Secretaria.


Mais uma vez o governo demonstrou o descaso com a paralisação e desmarcou na última hora a reunião que teria com o comando de greve na tarde desta terça feira (26). A marcha que contou com centenas de professores ao final definiu pela ocupação da Secretaria até que sejam recebidos para discutir as reivindicações.


Apesar do protesto pacífico da categoria, a tropa de choque da Polícia Militar foi chamada numa clara tentativa de criminalizar o movimento. Roseana e Olga, lutar não é crime! Vamos cercar de apoio e solidariedade os professores em greve contra o sucateamento da educação do Maranhão. Diversas entidades já marcaram presença na ocupação demonstrando seu apoio, como a CSP Conlutas, sindicatos filiados e ANEL.


É uma vergonha ver um governo do PT atacando os trabalhadores da educação e ao mesmo tempo a CUT fazer de conta que nada está acontecendo. A ocupação da Secretaria já garantiu uma reunião do comando de base com o vice-governador Washington Luís (PT) amanhã (quarta-feira) para encontrar uma solução para o impasse. Enquanto isso, os professores continuam em vigília no prédio da Secretaria.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

28 de Abril em São Luís

A CSP-Conlutas, sindicatos filiados e movimentos popular e estudantil conclamam a população de São Luís a sair às ruas no próximo dia 28 de abril (quinta-feira) para protestar contra as péssimas condições de vida e exigir dos governos federal, estadual e municipal, políticas efetivas voltadas para melhoria das condições de vida do povo.

Esse protesto é necessário porque o que temos visto é que todos os governantes, inclusive Lula e Dilma, infelizmente, tem reservado todos os privilégios para seus parceiros: os empresários, fazendeiros, latifundiários, banqueiros, além do capital estrangeiro, que se locupletam do trabalho e suor do nosso povo, ficando cada dia mais ricos. Do outro lado, encontram-se as famílias trabalhadoras, pobres que são submetidas aos baixos salários, a humilhação e a opressão. Enquanto a presidente Dilma aumentou o seu salário em 132% e os deputados em 65%, o salário mínimo foi em 30,00, passando de 510,00 para 545,00. Uma vergonha! Como viver com esse salário e ao mesmo tempo com o aumento de todas as tarifas e impostos, além do aumento absurdo dos preços dos alimentos?

No Maranhão, a situação é muito grave. Um Estado rico, com muitas terras, muitos rios, muitas chuvas e um povo trabalhador e lutador. No entanto, ocupa os últimos lugares em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quer dizer, o povo maranhense vive muito mal, muitos maranhenses estão condenados a viverem na miséria, 21% saem do Estado em busca de vida melhor. Enquanto isso, desde 1966 está no poder uma oligarquia sanguessuga que se apropria da riqueza do povo maranhense. Estão riquíssimos. Roseana Sarney é a 2ª governadora mais rica do Brasil. Não podemos aceitar essa situação!

No seu 4º mandato, onde prometeu realizar o “melhor governo de sua vida”, porém assistimos grassar todos os tipos de desmandos: Corrupção no INCRA, vergonhosamente dirigentes deste Instituto apropriam-se dos recursos de construção de casas, de escolas, de postos de saúde, roubam o sonho das famílias dos assentamentos. Escândalo da FAPEMA, desviam recursos públicos destinados à Pesquisa Científica para beneficiar seus aliados políticos. Assassinatos e impunidade no campo, a exemplo do quilombola Flaviano Pinto Neto, da comunidade do Charco – São Vicente de Férrer e várias outras comunidades, principalmente na Baixada Maranhense.

Exigimos políticas públicas de qualidade que atendam efetivamente às necessidades do povo maranhense. Continuamos padecendo nos poucos hospitais públicos, mal equipados. Onde estão os 72 hospitais prometidos em campanha? Nossos filhos continuam em escolas precárias, inadequadas e insuficientes e os educadores mal pagos. O que faz a governadora diante da luta legítima, constitucional dos professores que, em greve, reivindicam a valorização do trabalho docente e Educação de Qualidade, salários dignos, aprovação do Estatuto do Educador sem a famigerada avaliação de desempenho? Perseguição, Criminalização nunca vistas antes na história dessa categoria, através sua mídia, da influência que possui no Judiciário, assédio moral vergonhoso nas escolas transformando diretores em “cães de guarda” da governadora, colocando agentes repressores da secretaria de educação para humilhar e perseguir educadores. Isto é inaceitável! Apoiamos a luta dos Educadores e sua justa pauta de reivindicações.

No âmbito de Município o maranhense mais desavisado percebe o caos em que vive a Cidade de São Luís sob comando do político reacionário e corrupto João Castelo. Ruas e avenidas esburacadas, quase intrafegáveis, superlotação dos ônibus, passagem das mais caras do Brasil para uma população em que 70% vivem com menos de 2 salários mínimos. Não é à toa que a população tem feito protestos nos famigerados terminais de integração. Falta de saneamento básico, comunidades inteiras sem acesso à água para suas mínimas necessidades, violência, carestia, falta de segurança, crianças sem escolas como tem denunciado sistematicamente os Conselhos Tutelares.

Basta! O povo maranhense não suporta mais!

Conclamamos as Comunidades, os Educadores, o funcionalismo público federal, estadual e municipal, os operários da construção civil, os metalúrgicos, a juventude, os estudantes, as donas de casa, todos os que sofrem sob os desmandos de Dilma, Roseana Sarney e João Castelo, para juntarem suas vozes num protesto que faça ecoar nossas reivindicações.

Por Saúde, Emprego, Salário Digno, Educação, Terra! Fora Roseana Sarney!

Dia 28 de abril - Concentração às 15 horas, na Praça Deodoro, seguida de caminhada e manifestação em frente ao Palácio dos Leões e Prefeitura de São Luís.

VENHA FAZER VALER SUA VOZ!
UNIDOS SOMOS FORTES!
PARTICIPE!